Por CASCAIS24
Carlos Carreiras,
presidente da Câmara Municipal de Cascais, foi ouvido como testemunha, no
âmbito do processo dos Vistos Gold e garantiu ao coletivo que “não lhe ter sido
feito qualquer pedido, quer da parte de António Figueiredo, quer da parte dos
cidadãos chineses, que violasse as suas funções enquanto presidente da Câmara
de Cascais”.
Carreiras
foi uma das testemunhas arroladas pelo Ministério Público (MP) no processo que
tem 21 arguidos (17 pessoas e quatro empresas), entre os quais António
Figueiredo, ex-presidente do Instituto de Registos e Notariado (IRN), Miguel
Macedo, ex-ministro da Administração Interna, e Manuel Palos, ex-diretor do
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
O edil de
Cascais afirmou conhecer António Figueiredo há cerca de seis anos, pouco tempo
depois de ter assumido funções como autarca de Cascais. Em causa, um problema
com a conservatória comercial, adiantando ter tido “reuniões do foro institucional”
com o ex-presidente do Instituto de Registos de Notariado.
Não negou,
ainda, ter mantido duas reuniões com cidadãos de nacionalidade chinesa, não
sabendo porém precisar os seus nomes. Segundo o procurador José Espada Niza, estas
reuniões tiveram lugar em abril de 2013, na sequência de um SMS enviado por
António Figueiredo a Carreiras, pedindo uma “reunião urgente”. O contato,
ainda, segundo o MP, teria sido fornecido por Miguel Macedo. A propósito,
Carlos Carreiras assegurou ao coletivo “não se recordar”.
No
entanto, estes encontros seriam de “imenso interesse” para a Câmara, segundo
garantiu Carreiras, que revelou estarem relacionados com um “centro de
exposição de produtos portugueses e chineses” e a aquisição de moradias na
Quinta da Bicuda.
Carlos
Carreiras precisou que António Figueiredo esteve presente numa das reuniões com
o cidadão chinês (Zhu Xhiadong), mas ressalvou não ter percebido qual o motivo
da presença do ex-presidente do IRN no encontro: “Não consegui identificar por
que razão estava presente numa reunião dessa natureza”, assegurou o autarca,
citado numa notícia avançada pelo jornal online Observador.
Na mesma
audição a Carlos Carreiras foi recordado que, em junho do mesmo, António Figueiredo
voltou a contatar o edil de Cascais. Em causa estariam documentos de direitos
de não preferência municipal. A propósito, o presidente da Câmara de Cascais
disse ter “estranhado este contato, uma vez que nada tinha a ver com a Quinta
da Bicuda e precisou que os documentos foram emitidos de forma célere.
“Tentamos ser rápidos, especialmente quando estão envolvidos cidadãos
estrangeiros até por causa de viagens”, adiantou.
Carlos
Carreiras disse ter deduzido que os imóveis tivessem a ver com a aquisição de
Vistos Gold, uma vez que havia vários estrangeiros a comprarem casas em Cascais
com esse propósito. “Era um assunto comentado”, acrescentou o edil de Cascais na
mesma audiência de julgamento.
Este julgamento do caso vistos gold,
está a decorrer na Instância Central Criminal de Lisboa e além de Miguel Macedo
e António Figueiredo, o processo mantêm no banco dos réus o ex-diretor nacional
do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Manuel Jarmela Palos, a
ex-secretária-geral do Ministério da Justiça Maria Antónia Anes, três
empresários chineses (Zhu Xiandong, Zhu Baoe e Xia Baoling), um empresário
angolano (Eliseu Bumba), o empresário português da indústria farmacêutica Paulo
Lallanda e Castro e dois funcionários do Instituto dos Registos e Notariado
(IRN).
O processo, que resultou da Operação
Labirinto e investigou a aquisição de vistos gold por cidadãos
estrangeiros interessados em investir e residir em Portugal, a grande maioria
no concelho de Cascais, e outros alegados negócios paralelos envolvendo altos
responsáveis da Administração Pública, foi desencadeado pelo Departamento
Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) em novembro de 2014.
Noticias relacionadas
Comentários
Enviar um comentário