Nova variante de Tires vai ter nome do comandante que pilotava o Cessna em que morreram Sá Carneiro e Amaro da Costa

Por Valdemar Pinheiro

03.02.2017


A nova variante construída a norte do aeródromo de Tires, a ser inaugurada este sábado, vai ter o nome do comandante Jorge Albuquerque - o piloto do Cessna que caiu em Camarate a 4 de dezembro de 1980, matando, entre outros, o primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa.


Rua Comandante Jorge Albuquerque é como passa a designar-se esta nova variante com uma via em cada sentido e uma extensão aproximada de 500 metros, que estabelece uma ligação direta entre a Estrada José Justino Anjos (ligação Manique-Trajouce) e a avenida Amália Rodrigues (ligação Manique-Tires). 


Esta nova variante, na qual o município investiu 150 mil euros, “inclui a construção de uma nova rotunda e vem retirar o trânsito de passagem do centro de Manique, proporcionando melhor qualidade de vida aos moradores”, diz a Câmara Municipal de Cascais.


“Ao mesmo tempo, adianta o município, a nova via permite poupar cerca de 15 minutos no trajeto entre Tires e Alcoitão ou Alcabideche, ou mesmo Estoril, e vice-versa, constituindo uma importante alternativa à circulação rodoviária nesta zona”.


Ao atribuir a esta importante via de ligação junto ao aeródromo municipal o nome de Jorge Albuquerque, a Câmara Municipal de Cascais presta, assim, homenagem a um homem que foi um “exemplo de determinação e grande apaixonado pela aviação de pequeno porte”. 


O comandante Jorge Albuquerque vivia à época com a mulher e os dois filhos no vizinho Bairro Conde Monte Real, paredes meias com o aeródromo municipal.

Camarate fez nove mortos

Era, juntamente com um colega, o homem que pilotava o pequeno Cessna que veio a despenhar-se no dia 4 de dezembro de 1980, em plena campanha presidencial do general Soares Carneiro, candidato pela Aliança Democrática (AD), no polémico, controverso e até hoje ainda misterioso “Acidente e/ou Atentado de Camarate”.



No aparelho, que voava para o Porto, na sequência do encerramento da campanha de Soares Carneiro, seguiam, além dos dois pilotos, o primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, a sua companheira Snu Abecassis, o ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, a mulher Maria Manuel Simões Vaz da Silva Pires e António Patrício Gouveia, chefe de gabinete de Sá Carneiro.


Pouco depois de levantar voo – calcula-se que cerca de 26 segundos - o Cessna incendiou-se e despenhou-se sobre o bairro das Fontainhas, em Camarate e muito perto da vizinha da pista do Aeroporto da Portela. ´Todos os 7 ocupantes, incluindo os pilotos, morreram carbonizados.


Trinta e seis anos depois, Camarate continua por desvendar, apesar das 10 comissões de inquérito nomeadas, com umas a defender a tese de acidente e outras de atentado. 


Um verdadeiro mistério do século passado que, três anos depois da trágica queda do Cessna, veio a ser agravado com mais duas mortes: a do dono do aparelho, o engenheiro José Moreira e da mulher, Elisabete Silva. 

Foi no dia 5 de janeiro de 1983 – poucos dias antes de Moreira ir testemunhar na primeira comissão parlamentar de inquérito – que ele e a mulher foram encontrados cadáveres no apartamento que habitavam, em Carnaxide, Oeiras.


À época, a Polícia Judiciária (PJ) concluiu que José Moreira e a mulher morreram por intoxicação por monóxido de carbono, devido a uma alegada fuga no esquentador do apartamento. O dono do Cessna tinha afirmado dias antes “possuir informações relevantes sobre o caso”.








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