Por Cascais24
13.07.2016
Segundo foi anunciado, para tornar todo o processo
mais simples, ao novo sistema está associada a tecnologia inteligente, a qual,
através de uma plataforma ‘online' permite informar sobre a disponibilidade de
bicicletas e lugares, informação do estado do aluguer, alarme antivandalismo e
vídeo vigilância.
Carlos Carreiras é o rosto do Mobi Cascais (Foto CMCascais) |
13.07.2016
A Câmara Municipal de Cascais diz que quer
"revolucionar” a mobilidade dos cerca de 210 mil cascalenses e dos 1,2
milhões de turistas que, anualmente, procuram o concelho, ao criar o chamado
“Mobi Cascais”, mas a oposição, sobretudo as concelhias do PS e do PCP
consideram estar-se perante “manobras eleitoralistas” que em nada resolvem o
problema da mobilidade e que também procuram “desviar as atenções do polémico
escândalo dos parquímetros”.
Apresentado há dias no Centro de Congressos do
Estoril, a nova estratégia de mobilidade integrada quer promover “a utilização
de bicicletas e prevê facilidades de estacionamento e novos autocarros”, segundo
revelou, na ocasião, Miguel Pinto Luz, vice-presidente do executivo, que
considerou o projeto "pioneiro e inovador" em Portugal.
A entrada em funcionamento do Mobi Cascais está prevista
para setembro próximo, sendo que, até 2017, Cascais vai dispor de 1.280 lugares
de estacionamento automóvel gratuito junto às estações de comboios, 70
quilómetros de ciclovias (atualmente há 20 quilómetros) e 1.200 bicicletas
(Bicas) em regime de partilha, além de novos autocarros.
O vice-presidente Miguel Pinto Luz explicou, ainda, que
“por todo o concelho serão instaladas "docas" de estacionamento para
2.000 bicicletas, as disponibilizadas pela autarquia (normais ou elétricas) e
as dos próprios munícipes”.
Pinto Luz na apresentação do projeto (Foto CMCascais) |
No âmbito do Mobi Cascais, o concelho passará a contar
com novas linhas rodoviárias, inicialmente em Cascais/Estoril, depois em S.
Domingos de Rana, Carcavelos/Parede e Alcabideche. Aqui reside uma outra
novidade: uma desta novas linhas será o Surf Bus, destinado exclusivamente a
surfistas.
Surf Bus (Foto CMCascais) |
Com um custo mensal de 10 euros, a utilização das
Bicas passa a poder ser feita a qualquer hora, por tempo indeterminado. Por 12
euros alarga-se a utilização aos novos autocarros. Em termos de comodidade
o cidadão pode optar por um passe mensal de 20 euros que lhe dá acessos às
bicas, autocarro e também a estacionar os automóveis privados por tempo
ilimitado, em qualquer zona do concelho com exceção das zonas de maior
rotatividade, ou seja, no centro da vila.
Novos autocarros (Foto CMCascais) |
Destacando que, desde 2002, Cascais investiu mais de
71 milhões de euros em vias de circulação, o vice-presidente Miguel Pinto Luz sublinhou,
também, que o Mobi Cascais é "um sistema mais transparente, mais
fácil e mais sustentável", sendo para já só para os munícipes mas,
futuramente, alargado a turistas. As conversações com Oeiras e Lisboa,
municípios vizinhos estão já em curso para que o sistema seja interligado. Em
curso está também, conforme assegurou José Mendes, secretário de Estado do Ambiente, presente
na sessão, "a renovação da linha ferroviária de Cascais". Um passo
importante para o funcionamento integrado daquele que o governante
considerou "provavelmente, um dos melhores sistemas de mobilidade
apresentados em Portugal".
Referindo-se ao investimento, o executivo diz que as
bicicletas ficaram a "custo zero", fruto de parcerias com empresas
privadas, e a aquisição de autocarros, entre 70 e 100 mil euros cada, foi feita
com "receitas provenientes do estacionamento tarifado", tendo a
autarquia apenas investido no desenvolvimento, assegurado pelo Centro de
Engenharia e Investigação da Indústria Automóvel (CEIIA).
Socialistas criticam, mas afirmam-se disponíveis…
Para
a Comissão Politica Concelhia de Cascais do PS “não obstante tratar-se de um
interesse algo tardio e notoriamente associado ao calendário eleitoral, são
louváveis todas as iniciativas que possam traduzir-se em benefícios para a
mobilidade dos Cascalenses, que viram nos últimos anos as suas opções
deteriorar-se, quer no que concerne às deslocações dentro do concelho, quer nas
deslocações pendulares de Cascais para concelhos limítrofes ou para Lisboa”.
Porém,
o PS considera que “a este nível, não pode deixar de ser referida a
incompreensível opção, tomada pelo executivo autárquico de Cascais, de se
colocar à margem do processo em curso na Área Metropolitana de Lisboa, no qual
aceitaram participar todos os restantes municípios e que tem como objetivo
melhorar a coordenação dos transportes públicos a nível metropolitano, quer ao
nível do planeamento da oferta (percursos, frequências, horários, etc.), quer
ao nível da informação ao público e ainda ao nível da integração tarifária,
permitindo aos munícipes deslocar-se de forma mais harmoniosa entre concelhos e
com uma significativa redução dos respetivos custos”.
“Já
existem centenas de títulos de transporte diferentes na Área Metropolitana de
Lisboa e a Câmara Municipal de Cascais propõe-se criar mais alguns, com o seu
próprio sistema paralelo, com os seus próprios cartões, não sendo claro que
sejam interoperáveis com os já existentes, algo que não faz qualquer sentido
quando existe uma infraestrutura tecnológica de bilhética na Área Metropolitana
de Lisboa”, diz a Concelhia do Partido Socialista de Cascais.
Luís Miguel Reis (PS) |
Em
comunicado assinado pelo presidente, Luís Miguel Reis, o PS considera que “a
colagem da apresentação deste programa ao calendário eleitoral acaba por ser
evidente, servindo ainda para tentar desviar as atenções da recente polémica
lançada pela proliferação inusitada de parquímetros em todo o concelho de
Cascais”.
“No
entanto, e apesar do atual executivo autárquico PSDCDS ter optado por não
envolver nenhum dos outros partidos com assento na Vereação ou na Assembleia
Municipal no processo de elaboração desta iniciativa, o Partido Socialista
reitera a sua total disponibilidade para colaborar na revisão deste programa,
conferindo-lhe o rigor, a exequibilidade e a seriedade que, nesta fase,
manifestamente não tem e que os Cascalenses merecem”, assegura o PS.
…E Comunistas contra perguntam por contratos e defendem passe intermodal
Já
para o PCP “o chamado «Mobi Cascais» não responde a nenhum dos problemas de
mobilidade do concelho e não é sistema integrado que promova efectivamente o
transporte colectivo público, que aumente a qualidade e a oferta da rede
rodoviária e a articule com a linha ferroviária de acordo com as necessidades
de quem vive e de quem trabalha em Cascais. É, tão só o arranque em pleno da
campanha eleitoral de Carreiras/PSD/CDS-PP visando as próximas eleições
autárquicas de 2017, que os munícipes de Cascais estão a pagar”.
Para além de considerar
“falsa” esta estratégia para Cascais, o PCP
sublinha que “As
questões de mobilidade, fundamentais para a qualidade de vida das populações e
para a economia dos territórios, não podem ser concebidas como «ilhas»
desarticuladas com os transportes colectivos que servem o concelho como o
transporte ferroviário (CP) e rodoviário (Scotturb). Nada neste projecto
apresentado funciona em articulação com estes dois operadores fundamentais”.
Os
comunistas criticam, ainda, de que, “em
nenhum momento este projecto foi discutido e/ou votado em reuniões de Câmara ou
da Assembleia Municipal. Por isso, quando se anunciam «novas linhas
rodoviárias», o PCP não pode deixar de questionar: A Câmara de Cascais adquiriu
alguma empresa de transportes rodoviários ou fez contratos com a Scotturb? Onde
estão tal empresa ou contratos? A existirem porque não foram discutidos e
votados nas reuniões dos órgãos municipais?”
O PCP acusa, também,
que “os «investimentos» anunciados, com pompa e circunstância eleitorais, são
um verdadeiro engodo. Segundo o Executivo PSD/CDS da CM Cascais, «as bicicletas
ficaram a custo zero, fruto de parcerias com empresas privadas».De acordo o
noticiado o «presente» é da JCDecaux, empresa privada de comunicação
publicitária, à CM Cascais. O PCP questiona: porque é que uma empresa privada,
cujo o seu objectivo é a realização de lucros «oferece» presentes à CM Cascais?
Que retornos espera: a diminuição, a isenção de taxas municipais ou a
preferência de renovação de concessões?
O
PCP considera, ainda, que as declarações do secretário de Estado do Ambiente,
José Mendes, sobre o Mobi Cascais classificando-o como um dos melhores sistemas
de mobilidade em Portugal, “são infelizes e verdadeiramente desconhecedoras da
realidade do concelho de Cascais e da área metropolitana de Lisboa”.
Clemente Alves (PCP) |
Referindo-se,
por sua vez, ao estacionamento e ao “escandaloso aumento dos espaços do
estacionamento pago em todo o concelho”, o PCP reafirma-se “frontalmente contra
esta medida porque em nada contribui para a solução de problemas de mobilidade
do concelho e, pelo contrário, agrava-os, afastando a população dos centros
históricos, prejudicando o comércio e a restauração locais, afastando ainda
mais população da utilização do transporte ferroviário”.
Finalmente, a comissão concelhia de Cascais
do PCP, da qual também faz parte o vereador Clemente, volta a reafirmar a sua
proposta de alargamento do passe social
intermodal, a todos os operadores e a todas as carreiras na área metropolitana
de Lisboa (AML), que a ser aprovada na Assembleia da República (AR) vai
integrar todo o concelho de Cascais, ou seja: vai possibilitar a mais 182 mil
habitantes do concelho usufruir do passe social, para além dos que trabalhando
em Cascais residem fora do concelho”.
Recorda-se
que o PCP apresentou o projeto-lei e aguarda discussão e votação na AR. Também
por proposta do grupo municipal foi aprovada uma moção na Assembleia Municipal
de Cascais relativamente ao alargamento do passe
social Intermodal a toda a Área Metropolitana de Lisboa.
Entretanto, ainda não são conhecidas outras posições partidárias e de movimentos independentes e/ou cívicos.
Entretanto, ainda não são conhecidas outras posições partidárias e de movimentos independentes e/ou cívicos.
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