Famílias suspeitam de tráfico de mulheres no desaparecimento de jovens brasileiras

Por Cascais24

05.06.2016


As famílias das três brasileiras - as irmãs Michele Santana Ferreira, de 28 anos, e Lidiana Neves Santana, de 16, naturais de Campanário, no Vale do Rio Doce, do Estado de Minas Gerais, e uma amiga, Thayane Mila Mendes Dias, de 21 anos, do Estado do Espírito Santo- que estão desaparecidas desde finais de janeiro, no concelho de Cascais, mantêm a esperança de que as jovens possam estar vivas, embora reféns de uma rede de tráfico de mulheres.


Já as policias brasileira e portuguesa, que seguem várias pistas, não descartam, também, a hipótese de as três jovens terem sido assassinadas. O mais bizarro, mas também muito provável, dos cenários para este autêntico quebra-cabeças!



Seja como for, a chave do mistério (tráfico humano e/ou assassínio) parece estar no namorado de Michele, 28 anos, grávida de 3 meses, o brasileiro Dinai Alves Mendes que, antes de regressar ao Brasil depois dos misteriosos desaparecimentos, trabalhava como faxineiro no luxuoso hotel de animais do Monte dos Vendavais, em Tires, na freguesia de S. Domingos de Rana, e num desconhecido que uma das jovens – Thayane Dias -  conheceu no aeroporto brasileiro no dia do embarque para Lisboa, que lhe pagou a viagem.


A esta misteriosa personagem, que terá alegado à jovem “levar meninas para estudar em Inglaterra”, o próprio namorado de Michele, o faxineiro Dinai, terá pago posteriormente cerca de dois mil reais, em circunstâncias que a investigação ainda não conseguiu deslindar.


Tânia Dias, mãe de Thayane
Tânia Maria Mendes Dias, mãe da jovem Thayane Milla Mendes Dias – uma das raparigas desaparecidas – declarou há três dias a um jornal brasileiro: “No Brasil, ela conheceu um homem que estava indo para o mesmo lugar. Como tinha perdido o dia do voo, ela ia voltar, mas este moço ofereceu dinheiro emprestado para pagar a passagem, ela disse que ele levava meninas para estudar na Inglaterra. Foi o companheiro de Michele quem pagou esses dois mil reais para o ele”.


Thayane, 21 anos
Thayane, 21 anos, natural do Estado do Espírito Santo embarcou no aeroporto de Belo Horizonte para Lisboa no dia 28 de janeiro. Chegou à capital portuguesa no dia seguinte. A última vez que a mãe falou com ela foi no dia 30 de janeiro.


Tânia Dias diz que os dias sem noticia da filha e das amigas é “muito angustiante, está difícil. Mas eu creio em Deus, tenho orado e tem muita gente fazendo campanha para elas. Me agarro em oração. Tenho esperança de encontrá-la”.


A mãe de Thayane acredita que a filha está viva e foi vítima de uma rede de tráfico de mulheres.


Também Solange Santana, mãe de Michele e de Lidiana, tem fé que as filhas estejam vivas e tenham caído nas teias de uma rede de tráfico de mulheres.



Michele informou (?) que ia para Inglaterra


Que à volta do triplo desaparecimento persiste o mistério não restam dúvidas, mas também não é menos verdade que está recheado de algumas contradições. Senão vejamos:


Solange Santana revelou que foi Dinai, namorado de Michele, que disse que as raparigas tinham viajado para Inglaterra, versão que considerou duvidosa!
Solange Santana, mãe das irmãs Michele e Lidiana


No entanto, em entrevista dada a 15 de março ao “Diário de Rio Doce”, Solange terá afirmado que foi a própria filha, Michele, que a informou que ia para Inglaterra. “A Michele disse que iria para Londres, mas não sei se foram”, declarou, então.


A verdade é que não há registo de saída das jovens do território português, nem da sua entrada no Reino Unido, segundo apurou, entretanto, a Interpol que, através do seu gabinete no Brasil, emitiu três difusões Amarelas.


Michele vivia em Portugal há oito anos e Lidiana, há três meses. Thayane, amiga de Michele e namorada da irmã Lidiana, embarcou à meia noite do dia 28 de janeiro em Belo Horizonte e desembarcou em Lisboa no dia seguinte. Segundo a mãe, Tânia Maria Mendes, a filha viria trabalhar para uma creche. 
Michele, 28 anos, alegadamente grávida do faxineiro Dinai
Lidiana, 16 anos, irmã de Michele e namorada de Thayane




































Já o Irmão de Michele e Lidiana, Vinicius Santana Ferreira contou ao jornal brasileiro “Diário de Rio Doce” que a última mensagem enviada pela irmã mais velha foi em 29 de janeiro. Áudios que eram gravados por ela e enviados para o grupo da família no WhatsApp deixaram de ocorrer. Contou ainda que o Facebook de sua irmã foi apagado. “Uma colega nossa hackeou o Facebook da Michele e viu que tudo dela estava apagado”. Segundo Vinicius, “a pessoa que apagou as informações estava em Conselheiro Pena”, no Brasil.


Em declarações ao mesmo jornal, Vinicius revelou ainda que, “em outubro entraram na residência da Michele e roubaram os seus documentos e também os papéis que estava a tratar para casar.  Mas três dias depois desse fato, minha irmã foi agredida na rua por uma pessoa encapuzada, que não roubou nada dela. Uma amiga dela que mora em Portugal disse que Michele foi à delegacia e registrou um boletim. Segundo essa amiga, o delegado disse à Michele que quem roubou seus documentos seria uma pessoa conhecida que tinha acesso ao lugar.” 
Vinicius, irmão de Michele e Lidiana


A suspeita da família é que o companheiro de Michele, e que atualmente está no Brasil, sabe o que aconteceu. “Ele é o único que sabe o que aconteceu com as três. Mas como ele veio embora para o Brasil fica difícil para a polícia de lá trabalhar. No Brasil, o rapaz deu um depoimento em Belo Horizonte, na Polícia Federal, e ele disse que não sabia de nada e que elas estariam viajando. Viajando para onde? A Michele não deixaria nossa mãe sem notícias. A ligação que tinha com minha mãe era muito forte. Tem muita lacuna nesse caso. Queremos respostas sobre o desaparecimento delas”, afirmou Vinicius.





Faxineiro em hotel de luxo de animais em Tires


Dinai encontra-se atualmente a viver em Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, onde tem um filho com outra mulher. 


Durante anos trabalhou como faxineiro no luxuoso hotel de animais do Monte dos Vendavais, fundado na década de 80 em Tires, concelho de Cascais. Era aí, num anexo, que vivia, antes de partir para o Brasil depois dos desaparecimentos. 
Dinai Mendes


O dono do hotel, no entanto, não soube ou quis precisar esta semana em declarações não gravadas ao Atualidade Criminal do programa “Queridas Manhãs” da SIC que as jovens tivessem vivido no anexo de Dinai.


Cascais24 soube, entretanto, que uma brigada da Polícia Judiciária (PJ) terá feito uma diligência junto do responsável do conhecido hotel de cães e gatos, mas não é conhecido o seu resultado, por a investigação estar em “segredo de justiça”.


“Só ele (Dinai) sabe o que aconteceu com minhas filhas. Ele foi ouvido pela polícia (brasileira), mas não sei o que ele pode ter contado”, adiantou Solange, não sem sublinhar que “uma amiga contou que ele costumava ser agressivo com a Michele”.


 “O pior é eu não saber se minhas filhas estão vivas ou mortas. O último contato que tive com elas foi em 28 de janeiro. Desde então, nada, nada, nada. Nenhuma notícia. É muita dor. A gente não sabe onde procurar, a polícia diz não ter novas notícias. Não sei se a causa delas está sendo abraçada pelas autoridades”, lamentou a mãe das duas irmãs que, segundo ainda os jornais brasileiros, está a reunir dinheiro para viajar até Lisboa para procurar as filhas que, por coincidência ou não, deixaram de contatar a família pouco tempo depois da chegada, a Portugal, da amiga Thayane. E, não menos curioso, por coincidência ou não, também da chegada a Portugal da verdadeira mulher de Dinai.































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